24 de abr. de 2015

Daquelas que Encrostam

Penetrante era a palavra mais exata pra nossa relação...


Os olhos dele penetravam os meus, as suas mãos penetravam minha pele num simples toque, o corpo inteiro penetrava o meu quando nos abraçávamos. A alma dele se misturava à minha em meio a tantas formas de penetração.

Desse enlace de peles, gostos, cheiros, sensações e explosões de ardor, um sentimento absurdo e absorto penetrou meu coração e minha cabeça.

Ele era errado, ele era completamente errado. Errado pro mundo, errado pra mim, simplesmente a pessoa errada. Mas meu coração não queria saber do que era certo. Queria saber dele, só dele, dele por inteiro.

Acontece que um dos erros dele foi não ver isso tudo acontecer. Ele foi errando e, errando, errando e o que começou a me penetrar foi um asco, uma vontade de retirar de mim tudo que me havia posto. De arrancar da alma todas as desculpas que eu mesma dava para seus erros, de arrancar todas as sensações, cheiros e excitações que ate então eu bebia como um líquido doce e que agora se tornara veneno.

Queria cuspir aquele doce que amargava minha essência, que me enrijecia, que me entristecia, que deixava opaco meus olhos e meu sorriso. Dos venenos mais fortes e mais vis. Senti-me como um animal, uma presa frente ao predador que envenena as vítimas para que fiquem paralisadas para que não possam lutar contra qualquer tipo de atitude de um predador rápido, errado, penetrante.

A solução? Não há solução para uma paixão desse feitio, meu amigo. É daquelas que encrostam em nosso mais profundo ser e assim vão sendo mesmo que escondida, mesmo que errada, é daquelas que nunca esquecemos. Quando nos achamos fortes o olhar nos desarma, quando nos achamos superiores um toque nos derruba. 

O que fazer para, pelo menos, não arder? A única coisa que nos acalenta é o amor, o próprio! 

O bom, velho, e as vezes esquecido, amor próprio...

V.L