17 de out. de 2008

No sentido conotativo.

Não sei se é falta de conformismo ou de convencimento.
Sempre pergunto ao mesmo motorista
se aquele mesmo ônibus
vai para aquele mesmo lugar.

...E ele sempre diz que não.

13 de out. de 2008

Não Adiantava Mais

Era inverno. Os dias tinham andado frios e escuros, acordava diariamente cedo da manhã para ir ao trabalho e sentia-se triste e sonolenta com aquele frio cortante que invadia seu corpo por d’baixo das roupas aparentemente quentes. Pensava em sair no final de semana para aproveitar alguma praça, mas só pensava, já que sempre que chegavam os dias esperados ou estava chovendo, ou úmido da noite anterior.
Foi quando, antes de dormir olhou para o céu, viu as nuvens esvaindo-se e as estrelas surgindo, a lua, aquela mesma do verão que iluminou tantos momentos mágicos, iluminando novamente seu quarto. Sentou na cama olhando para a rua e pensou “espero que amanhã faça um dia bom”. Sua esperança teve fundamento. Acordou com sol no rosto, com uma brisa aquecida movendo delicadamente seus cabelos e por vezes arrepiando seus pelos.
Vestiu-se para ir ao trabalho com a empolgação que não tinha há muito tempo. Saiu na rua como quem agradecia pela vida, pelo sol, pelo ar quentinho que respirava. Sentia uma calma incrível e uma esperança de que a partir dali tudo daria certo, seu dia seria ótimo, ela pensava, repetindo como se fosse um mantra.
Voltou do serviço ainda agradecendo pelo dia bom e calmo que o clima permitia a ela. Chegou em casa sem tirar da cabeça que aquele dia sim! Conseguiria sair, aproveitar as gramas dos parques e relembrar os velhos tempos do verão inesquecível, quando em tardes como a daquele dia, era a pessoa mais feliz do mundo.
Mas o dia foi indo embora, o sol sumindo, a noite esfriando, e nada aconteceu. Não adiantava, não era mais verão, ela não era mais a mesma, não adiantava mais, os lugares não eram mais mágicos e ele não estava mais ali.

Vanessa Lunardi