28 de mai. de 2013

Olhos de Lua


Num país de pessoas com olhos sempre foscos e corações frios existia uma garota diferente. Seus olhos eram intrigantes e pareciam falar mais do que qualquer palavra que ela pudesse proferir com a boca. Ninguém compreendia o porquê de ela ser diferente, mas sabiam que mais alguma coisa nela não era comum.
Ela falava coisas estranhas como esperança, confiança e amor, coisas que todos desconheciam e, por isso, desacreditavam. A chamavam de bruxa, de estranha, tinham preconceito e achavam que ela não pertencia àquele lugar. Ela, que percebia todas as diferenças também se sentia deslocada e sozinha em meio a tanta frieza.
Um dia, quando menos esperava, se deparou com um visitante. Notou na mesma hora que seus olhos também não eram foscos. Ele parecia trazer consigo uma energia boa, contraria a dos demais, e principalmente, não olhou para ela com estranheza.
Até hoje há quem não acredite no encontro deles. Todos os que estavam na volta do casal ficaram espantados quando, ao cruzarem os olhares, quase cegaram o resto das pessoas.
Os olhos de ambos brilharam tanto que pareciam luas cheias em noite bonita. O sorriso deles se abriu largo e mutuamente, como se houvessem ensaiado uma peça.
Ninguém entendia como e porquê daquela cena tão estranha aos olhos foscos, mas uma coisa era unânime: era a cena mais linda já vista por alguém.
Desde aquele dia, quem ali estava passou a observar que os olhos ficaram mais brilhantes, que os corações aqueceram e que aquilo não era ruim, e sim a melhor sensação que alguém podia sentir na vida: a certeza de que a vida pode ser bonita, de que existe amor, e que quando ele acontece os olhos brilham e os sorrisos se abrem e ninguém, jamais, consegue apagar essa luz tanto quanto não é possível apagar a luz da lua.